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O trabalho desenvolvido pelo Grupo Lobo no âmbito da conservação do lobo-ibérico e do seu ecossistema em Portugal, bem como o combate à desmistificação da imagem do predador junto da população, valeram ao grupo liderado por Francisco Fonseca o prêmio BES Biodiversidade 2010. Um cheque no valor de 75 mil euros que, de acordo com o coordenador do grupo, vão “ajudar muito a continuar o desenvolvimento de um projeto que vive dos apoios da sociedade”.

De acordo com Francisco Fonseca, atualmente existem em Portugal cerca de 300 exemplares da espécie, numa área geográfica que, no país, se expande pelas regiões da serra Amarela, Gerês, Montesinho e serra de Bornes, na área a norte do Rio Douro e até à fronteira com Espanha. Ao sul deste rio internacional, pode ser avistado nas regiões da serra da Arada – na transição da Beira Litoral para a Beira Alta -, da serra de Montemuro, da Lapa e até à região de Trancoso, no distrito da Guarda.

“Trata-se de uma área de distribuição inferior àquela que o lobo ocupava há algumas décadas”, explica Francisco Fonseca, acrescentando que “atualmente a população de lobos-ibéricos encontra-se estabilizada, bem como sua distribuição geográfica no país”. Uma das principais razões para a diminuição da área e, simultaneamente, do desaparecimento do lobo-ibérico é a intervenção do ser humano nas zonas onde este antes habitava. Mais concretamente, com a construção de estradas, de barragens e parques eólicos. “O ser humano é uma ameaça pela forma como interage com o lobo”, esclarece Francisco Fonseca.

“Preservar um predador é sempre difícil”, salienta o coordenador do grupo, adiantando que é uma tarefa ainda mais complicada “sendo o trabalho feito por uma organização não governamental e sendo este um animal que causa danos aos animais domésticos”. Francisco Fonseca salienta que “ainda há muita falta de informação sobre o lobo” e que isso também contribui para ameaçar a espécie.

Um dos pontos principais do projeto “Conservar o Lobo em Portugal – da teoria à prática”, e que contribuiu de forma decisiva para a atribuição do prêmio, diz respeito ao programa “Cão de Gado”. O objetivo é usar métodos de prevenção de prejuízos causados pelo lobo-ibérico no gado, usando cães de gado e vedações elétricas.

No âmbito do projeto foram integrados em rebanhos de cabras e ovelhas mais de 200 cachorros pertencentes às raças cão de Castro Laboreiro, cão da serra da Estrela e rafeiro do alentejo. Além disso é ainda feito o acompanhamento e avaliação dos animais que pertencem maioritariamente às raças cão de Castro Laboreiro (com mais de 110 cães) e cão da serra da Estrela de pelo curto (com mais de 60 cães).

Para o futuro, além destas duas vertentes e do Pacote Pedagógico sobre o Lobo, o Grupo Lobo quer ainda desenvolver uma vertente de monitorização do lobo junto à fronteira com Espanha para saber se esta espécie “está vindo para zonas onde já esteve, se está a fixar-se ou se está a ser perseguido”. Embora a situação na Espanha seja complexa, já que o tipo de proteção varia de autonomia para autonomia, “há espécies silvestres, como os veados, que estão se expandindo e, por isso, contribuindo para o aumento de lobos”. Além disso, diz Francisco Fonseca, “o ser humano também está se afastando das áreas ocupadas pelo lobo ibérico”. Algo que em Portugal ainda não acontece muito: “Embora a imagem que as pessoas têm do lobo-ibérico tenha mudado.

Fonte: DN Ciência