Um grupo de pesquisadores britânicos, americanos e australianos está estudando os mecanismos do pulo do canguru.
Os cientistas são do Colégio Real de Veterinária, de Londres, da Universidade de Idaho, nos Estados Unidos e das Universidades australianas de Queensland e da Austrália Ocidental.
Eles usaram um sistema de captura de movimento que associa câmeras de cinema a outras, que detectam raios infravermelhos.
Ao analisar estes dados coletados, os cientistas querem descobrir a razão de os cangurus não se machucarem gravemente ao saltar repetidamente e em alta velocidade, segundo a pesquisadora Alexis Wiktorowicz-Conroy, do Colégio Real de Veterinária.
"Queremos saber como eles conseguem saltar rápido, mesmo quando eles são bem pesados, e não mudar a postura", disse a pesquisadora à BBC.
"Isto é importante, pois estes animais podem ficar realmente grandes e nós não conseguimos explicar a razão de seus ossos não quebrarem em altas velocidades. As pessoas começaram a analisar isto nas juntas dos tornozelos, estamos olhando mais para as juntas dos membros traseiros", explicou.
"Esperamos que, no fim, possamos usar isto na medicina veterinária e para conservação", disse a pesquisadora.
Câmeras
As câmeras utilizadas geralmente são usadas por técnicos de golfe para analisar os movimentos dos atletas e também foi usada na série de filmes O Senhor dos Anéis, para capturar os movimentos do ator Andy Serkis e transformá-lo no personagem Gollum.
As luzes infravermelhas iluminam o objeto, animal ou pessoa a ser filmada e as câmeras capturam o movimento de marcadores de plástico colocados no objeto que será filmado.
No entanto, estas imagens geralmente são feitas em locais fechados. No caso do estudo dos cangurus, tudo foi feito ao ar livre, onde a luz infravermelha do Sol é abundante.
Mas, a equipe de pesquisadores usou um sistema de captura de movimentos de uma companhia chamada Vicon que consegue "filtrar" a luz infravermelha do ambiente e se concentrar no objeto de estudo: os cangurus.
Postura
A maioria dos animais adota uma postura mais ereta quando salta, para redistribuir o peso do corpo de forma mais eficiente durante o movimento.
No entanto, os cangurus não parecem ajustar a postura desta forma durante seus saltos.
"A equipe está interessada em tentar compreender como o grupo de cangurus muda a postura do corpo e (como é) a mecânica do salto com o tamanho do corpo", explicou Craig McGowan, da Universidade de Idaho.
"Existem várias espécies que (...) adotam posturas cada vez mais eretas (quando saltam). Isto reduz as demandas mecânicas na musculatura, então aumenta sua 'vantagem mecânica'", acrescentou.
Além de analisar a postura, a equipe está medindo as forças que os pés dos cangurus exercem no chão, e que são transmitidas pelas pernas do animal.
Os cientistas também capturaram os movimentos dos cangurus usando o método tradicional de vídeo em alta velocidade. No passado o movimento era analisado quadro a quadro para obter o mesmo tipo de dados que o sistema de captura de movimentos fornece automaticamente.
Pulo
A cientista Alexis Wiktorowicz-Conroy diz ainda que a informação pode esclarecer outro mistério do salto do canguru: como eles pulam de uma forma tão eficiente.
"O movimento dos cangurus é realmente elegante, em velocidades baixas eles usam o rabo como um quinto membro (...). Quando se movem mais rapidamente, eles começam a saltar. Humanos se cansam facilmente quando fazem isto, mas os cangurus não, eles não gastam muita energia."
As experiências, realizadas no Parque Zoológico Alma, em Brisbane, conseguiram coletar uma quantidade significativa de informações e a equipe ainda está analisando todos os dados.
Mas Wiktorowicz-Conroy afirmou que o resultado da pesquisa certamente vai ajudar a responder perguntas sobre a biomecânica do canguru e a protegê-lo.
"Existem (muitos fatos) que ainda não sabemos a respeito deles, e esta (pesquisa) vai ajudar a estudar questões sobre saltos e locomoção de animais em geral."