Aves e mamíferos marinhos estão sob sério risco de extinção, e a biodiversidade do Ceará está ameaçada. 



Os problemas são os mais diversos, mas todos convergem para a relação homem-meio ambiente. No Ceará, associações de pescadores, ONGs de pesquisadores e estudantes estão preocupados. E agindo. 

Dessa forma, espécies como peixe-boi marinho, boto cinza, periquito cara-suja e soldadinho-do-araripe, ameaçadas de extinção, têm uma chance de sobrevivência. Ou melhor, o homem tem uma chance de não atentar mais uma vez contra a natureza.
Reflexo do que já tem ocorrido em importantes regiões do Brasil, a Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis) lançou o Projeto Extinção Zero no Ceará. A Aquasis é referência no Nordeste em pesquisa e trabalhos de conservação da biodiversidade brasileira, e já foi pauta de algumas das matérias do Bem-Estar Animal.
Estratégia:
A estratégia desta Organização Não Governamental (ONG), formada principalmente por biólogos, é estimular a educação pela preservação da natureza na zona costeira do Ceará. E isso, em uma cidade, vai do morador ao vereador, parte da educação infantil e passa por uma série de indivíduos que num momento ou outro podem interferir na biodiversidade.
O Município de Icapuí, localizado no Litoral Leste do Ceará, é um dos principais celeiros de passagem de aves migratórias do Brasil, daí a importância das atividades de conservação no Estado.
Objetivo:
O Projeto Extinção Zero tem como principal objetivo evitar a extinção de espécies e degradação dos serviços ambientais essenciais, focando principalmente o Estado do Ceará. Para a consecução de seu objetivo, a Aquasis estabeleceu o Programa Extinção Zero no Ceará, que trabalha com as espécies mais ameaçadas do Estado, em áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade. Essas espécies são utilizadas como símbolo para a proteção dessas áreas críticas do Estado.
Parceria:
“O Projeto Extinção Zero” foi criado, mas ele funciona em parceria com várias outras atividades, todas visando à conservação das espécies com maiores riscos de desaparecer do litoral do Ceará, do Nordeste ou mesmo do Brasil”, afirma a bióloga Thais Moura Campos, coordenadora do projeto.
As principais estratégias adotadas pela Aquasis são a consolidação e implementação de Planos de Ação para estas espécies, articulação de áreas protegidas e a condução de campanhas de educação ambiental, de modo a garantir o envolvimento da comunidade local no processo de proteção do seu meio.
Dentro do processo de conservação do peixe-boi marinho no Ceará, o Projeto Manatí e a criação do Centro de Reabilitação de Mamíferos Marinhos desempenham um papel estratégico para a conservação da espécie.
Além disso, outras ações da instituição, previstas no Plano Nacional de Conservação de Sirênios (PAN Sirênios) criam uma sinergia, potencializando os resultados.
Aliança brasileira:
No ano passado, o Ministério do Meio Ambiente, em parceria com fundações, ONGs, movimentos sociais, estados e municípios, lançou a Aliança Brasileira para Extinção Zero.
Preocupação:
A intenção é conjugar as capacidades técnicas, científicas, financeiras e políticas de organizações governamentais e não-governamentais, nacionais e internacionais, para a conservação e recuperação das espécies constantes das Listas Oficiais de Espécies da Fauna e da Flora Brasileiras Ameaçadas de Extinção. 
Essa preocupação já consta na própria Constituição brasileira e na Convenção sobre Diversidade Biológica (da Organização das Nações Unidas-ONU), entre outros instrumentos legais, visando à conservação e manutenção da biodiversidade brasileira para as gerações presentes e futuras e a redução significativa das atuais taxas de perda de biodiversidade.
Estatística:
Todos os anos acontece encalhes de peixes-bois marinhos e botos nas praias do Ceará. E a estatística assusta. A estimativa é de que na zona costeira brasileira (mas principalmente entre Alagoas e Amapá) existam apenas cerca de 500 peixes-bois marinhos. 
No Ceará, houve resgate de aproximadamente 40 mamíferos marinhos (principalmente golfinhos). Mas o resgate não significa sobrevivência, pois depende do estado de saúde do animal, bem como as condições de desencalhe.
Em Aracati, a equipe da Campanha de Educação Ambiental do Projeto Manatí (outra atividade desenvolvida com a mesma finalidade) conseguiu apoio das autoridades para a instituição do Dia do Peixe-Boi, para 4 de outubro, quando também já se comemora o Dia de São Francisco e o Dia Internacional dos Animais.
O periquito cara-suja e o soldadinho-do-araripe, que são espécies com risco de extinção, são encontradas somente no Ceará, daí a preocupação dos ambientalistas para que essas aves sejam conservadas. 
A Aquasis conta com o apoio de várias associações (notadamente de famílias de pescadores) na zona costeira cearense. Uma delas é a Associação ReciCriança, e Aracati, que no início do mês recebeu um curso de resgate de mamíferos marinhos. 
No I Encontro dos Povos do Mar, realizado há um mês no Município de Caucaia, várias comunidades litorâneas conheceram o Projeto Extinção Zero, bem como as campanhas educativas desenvolvidas.
Encalhes:
500 peixes-bois marinhos existem no Brasil, um número muito pequeno. Todos os anos acontece encalhes deste animais e de botos nas praias do Ceará. E a estatística assusta.
Mais Informações:
Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis)
Telefone: (85) 3318.4911