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Fratura no fêmur e escoriações nas costelas e face. Esses foram os ferimentos detectados no veado-catingueiro encontrado na manhã de ontem pela bióloga Cleide Regina Amorim, na Rodovia Mogi-Dutra (SP-88), sentido Mogi das Cruzes, no estado de São Paulo. O animal foi atropelado por um veículo e agonizava no local. Resgatado, ele foi levado para a Polícia Ambiental e, posteriormente, encaminhado para uma clínica veterinária da cidade, onde – entre muitos cães, gatos e outros animais de estimação – acabou tendo a atenção voltada para si.

Atendido pelo veterinário Edmon Marcelo Zogbi, o veado recebeu o diagnóstico de fratura no fêmur direito e escoriações nas costelas e face. O animal foi medicado para que não sentisse muita dor, ficou em observação e, ainda ontem, seria submetido a uma cirurgia para consertar a perna.

“Pelo que pude observar, estas escoriações devem-se ao rolamento, na hora em que ele foi atropelado. Pelo jeito, a pancada foi muito forte porque esta fratura é grave, mas não urgente. Acredito que o animal vá ficar bem”, explicou o veterinário que, depois de dar alta para o bicho, chamará os policiais ambientais para que façam a soltura na mata novamente.

Enquanto estava sendo socorrido por Zogbi, o animal tremia muito e babava. “O grande problema dessa espécie é o estresse. Ele está tremendo e babando porque está com medo. Vamos deixá-lo por algum tempo em uma jaula escura, para que ele se acalme”, comentou o veterinário.

Zogbi foi contatado pela reportagem de O Diário depois de muitas tentativas, em vão, da Polícia Ambiental em encontrar um veterinário que pudesse examinar o bicho – no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) não havia ninguém e alguns outros veterinários particulares recusaram o atendimento. O veado foi levado para a clínica pelo cabo Daniel e o soldado Lemes.

À reportagem, a bióloga contou que, quando viu o animal na estrada, ficou preocupada. “Coloquei o veado no meu carro e o deixei aos cuidados da Polícia Ambiental. Parece que isso (atropelamento) está sendo um problema comum. Lembro-me que, durante o licenciamento ambiental para a reforma da estrada foram propostos os corredores de fauna. Não sei o desenrolar da história, pois não acompanhei o trabalho, mas, se os corredores foram construídos, talvez não estejam em pontos estratégicos ou em quantidade suficiente que permita o deslocamento desses animais de um fragmento ao outro. Acho, ainda, que deveriam ser feitos muros de arrimos na Rodovia para evitar que os animais silvestres atravessem a pista”, destacou Cleide.

Constante

De acordo com a Polícia Ambiental, o atropelamento de veados nas estradas mogianas está ficando cada vez mais comum. Neste último mês, os policiais atenderam três ocorrências envolvendo os bichos e a dificuldade para conseguir um veterinário é sempre a mesma, já que os profissionais do Centro de Controle de Zoonoses não têm a responsabilidade de cuidar de animais silvestres.

Os motivos para a frequência dos veados nas estradas, segundo a Polícia, são a falta de corredores ecológicos nas rodovias (a Mogi-Dutra, a princípio, conta com o recurso mas, pelo visto, não é usado pelos bichos); a invasão dos seres humanos no habitat dos bichos; e a diminuição dos predadores naturais dos veados, que são as onças e jaguatiricas, que se afastaram devido à presença do homem.

A Polícia diz ainda que, além dos atropelamentos, os veados também estão aparecendo nos sítios e sendo acuados e machucados por cachorros.

Todas as ocorrências envolvendo animais silvestres são registradas em um sistema de computadores e podem ser acessadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente.

Fonte: O Diário

Nota da Redação: Atropelamentos de animais infelizmente se tornaram problemas comuns nas estradas, em decorrência da invasão humana e destruição dos habitats dos animais. É dever das autoridades responsáveis desenvolver e aprimorar projetos que impeçam o acesso dos animais às rodovias. Parabenizamos a bióloga que teve a compaixão de recolher o animal, à Polícia Ambiental que não se conformou até encontrar um veterinário que aceitasse cuidar da vítima e ao veterinário pela atenção e cuidados prestados.