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Espécie é vista com mais frequência ao redor da ilha; medidas de preservação e tolerância da espécie ao calor podem ser a explicação

Segundo uma pesquisa da União internacional para a conservação da natureza, os tubarões-limão estão em situação vulnerável nos oceanos do planeta. Mas não é o que acontece em Fernando de Noronha – esta é a espécie vista com mais frequência ao redor da ilha. Há 16 anos o engenheiro de pesca Leonardo Veras vai diariamente ao encontro deles.

O animal tem sete, oito ou dez camadas de dentes, mas atá hoje nenhum mergulhador foi atacado por ele. O tubarão-limão é identificado pelas duas barbatanas dorsais, que ficam na parte de cima e têm quase o mesmo tamanho. Leonardo é pesquisador autorizado pelo Ibama e pode mergulhar em locais proibidos para os turistas.

O Buraco da Raquel é um dos redutos do tubarão-limão. Na superfície em torno do local, uma incalculável quantidade de aratus. A superpopulação mostra que em Noronha eles não são ameaçados e podem se multiplicar à vontade. Leonardo Veras já perdeu a conta das vezes em que encontrou fêmeas, filhotes e machos adultos da espécie. Ele registrou os flagrantes com uma pequena câmera e já tem imagens e informações importantes sobre o tubarão-limão.

Segundo o pesquisador, o período de acasalamento do animal ocorre entre janeiro e fevereiro, no pico da lua. “As fêmeas se reúnem e atraem os machos e isso é facilmente identificável porque a fêmea fica toda mordida e, no ato do acasalamento, o macho adere à fêmea com a mandíbula e isso machuca bastante a fêmea e a gente percebe várias marcas”, explica.

As fêmeas podem ter até 14 filhotes por gestação. E eles não nascem de uma só vez. Há uma temporada em que ela vai lançando os filhotes. Então os filhotes vêm para as poças de maré e alagados da ilha pra se proteger. É uma área de proteção onde ele encontra alimento fácil.

Até os dentes variam de acordo com a espécie e o tipo de alimentação. E eles são tantos que o pesquisador costuma chamar os tubarões de fábrica de dentes. “Ele tem uma fonte inesgotável de dentes. Os dentes de tubarões têm um leve serrilhado que aumenta o poder de corte, só que esta serrinha se desgasta com o tempo e à medida que essa serra se desgasta, o dente faz mais esforço e cai. Então vem um dente mais jovem da parte anterior”, conta.

As barbatanas do tubarão-limão são como uma ‘maldição’ para a espécie. Por causa delas, são caçados de forma predatória para alimentar o comércio asiático, principalmente. “Eles acreditam que a sopa feita com as fibras da barbatana é afrodisíaca, dá virilidade e uma demonstração de status”, diz ele.

O incansável observador de tubarões revela uma nova descoberta: o número de tubarões-limão está crescendo em Fernando de Noronha, num reflexo direto do aquecimento das águas dos oceanos. As explicações, para ele, são as medidas de proteção e o fato dessa espécie ter mais tolerância à água quente. “Como a água do oceano está crescendo ano a ano, ela está tendo uma vantagem extra".

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