Leis permitem que se faça lucro com a caça de animais selvagens na África do Sul
sábado, junho 26, 2010
Postado por Unknown
Enquanto as feras do futebol correm soltas pelos gramados da Copa, nas matas da África do Sul animais como macacos, leões, hipopótamos e até zebras não conseguem se livrar da marcação impiedosa dos caçadores. Estimulados por um comércio que movimenta milhões de dólares por ano, eles se unem a comerciantes que dedicam a vida a transformar os bichos abatidos em enfeites de luxo. Depois de pronta, a ‘mercadoria’ é vendida a preço de ouro no mundo todo.
Há 20 anos no ramo, o sul-africano Kevin Cooper, 39, é um dos principais exportadores de animais da África do Sul. Com clientes na Europa, nos Estados Unidos e até no Brasil, ele não vê problemas no que faz. “É um trabalho como outro qualquer”, argumenta Kevin, que também é caçador. Questionado sobre fator predatório e cruel da atividade, ele não hesita em responder.
“Você gosta de futebol?”, pergunta. “Eu gosto de caçar animais! Se eu não matá-los e preparar os corpos, um dia eles morrerão do mesmo jeito e só servirão de comida para outros animais. Existem muitos bichos na natureza, eles nunca vão acabar por causa da caça”, argumenta com uma frieza que impressiona.
Amparado pelas leis sul-africanas que liberam a caça de diversos animais e controla a de uns poucos como leões e elefantes, Kevin abriu as portas de sua oficina e ali mostrou como é feito o trabalho de preparação das feras até chegar às vitrines das lojas.
“Depois de abater o animal retiramos a pele dele, cobrimos com sal e a deixamos exposta ao sol por três dias. Em seguida, a mergulhamos num tanque com produtos químicos onde permanece por duas semanas para preservá-la e evitar o mau cheiro”, detalhou Kevin.
“Feito isso, o couro dos animais é raspado para que fique mais fino e maleável”, explica o caçador, que para manter a forma perfeita do animal em suas peças usa moldes de fibra que são vestidos com a pele dos bichos. Uma cola especial é usada para fixá-la no molde. Mas o processo de secagem pode demorar até dois meses, dependendo do tamanho do animal.
Cumprida mais esta etapa, é feito um trabalho de raspagem do pelo e de ajustes de pequenos detalhes. Este processo varia desde a pintura dos chifres dos animais até a substituição dos olhos por esferas de cristal. Depois de prontas, as peças chegam a ser vendidas por mais de quatro mil dólares, como é o caso de uma zebra inteira.
Para se ter uma noção da organização e da rentabilidade do negócio, Kevin conta que envia e compra animais em qualquer país do mundo. “Não importa onde é, se o animal me interessa, vou buscá-lo”, garante.Apesar do interesse, para um turista praticar a caça é preciso estar acompanhado por um caçador sul-africano profissional.
Fonte: O Dia Online