Reunião a portas fechadas pode decidir futuro da caça às baleias
terça-feira, junho 22, 2010
Postado por Unknown
Em meio às polêmicas de suspeita de corrupção, a Comissão Baleeira  Internacional (CBI) está reunida em Agadir, no Marrocos, com o objetivo  de chegar a um acordo entre partidários e críticos da caça. A 62ª sessão  da CBI, criada em 1946 para regular a pesca às baleias, examinará até a  próxima sexta-feira um projeto de acordo para colocar um ponto final a  25 anos de conflito entre seus membros, que se desentendem desde a  entrada em vigor, em 1986, da moratória à caça. O plano já deve ser  examinado na plenária desta quarta.
Os 88 países membros da Comissão concordaram em se encontrar em  sessão fechada para decidir se adotam um esboço de estratégia que  permita à Noruega, à Islândia e ao Japão caçar legalmente baleias ao  redor da Antártida e em outros locais por mais dez anos, em troca de uma  queda gradual no número de animais capturados. A proposta, que  significa autorizar a pesca comercial, não determina, porém, o que  ocorrerá quando esse período interino for concluído.
 
Para o Japão, que apoia o fim da moratória no caso de caça para  pesquisa científica, a iniciativa permitiria caçar 400 baleias minke em  águas do oceano Antártico entre 2011 e 2015, para depois reduzir esse  número para 200 entre 2015 e 2020. Atualmente a frota baleeira japonesa  captura cerca de mil cetáceos em águas antárticas a cada ano. Mas no ano  fiscal de 2009 (que terminou em março), só caçou a metade desse número  devido às sabotagens de ativistas ambientais. Noruega e Islândia, que  também criticam a moratória, foram responsáveis pela pesca de cerca de  500 exemplares.
A União Europeia, liderada pelo Reino Unido, adotou uma posição comum  no final de semana, contra a retomada de qualquer tipo de caça às  baleias. No entanto, Estados Unidos e Nova Zelândia continuam a endossar  fortemente as medidas propostas pelo presidente da CBI. O plano  apresentado não convence nem Tóquio, que o considera restritivo demais,  nem países como Austrália, que o veem permissivo demais. Apesar disso,  os nipônicos se mostraram dispostos a “negociar”.
Questão crucial
De acordo com representantes europeus e africanos envolvidos nas  discussões da CBI, os dois pontos mais importantes da reunião são  determinar o que acontecerá quando o período interino for concluído e o  tom com que os países contrários à caça vão negociar com o Japão. “Para  chegar a um compromisso”, considerou o delegado alemão Gert Linnemann,  “será necessário determinar o que acontecerá após dez anos”.
Segundo a a ministra adjunta da Agricultura marroquina, Yasue  Funayama, é difícil exigir que a caça não ocorra mais nos santuários de  baleias, criados no Oceano Índico e no Austral. O Japão, que pesca  nessas regiões, de nenhuma forma aceitaria acabar com uma tradição  cultural muito marcada pelo nacionalismo nipônico. “Nessa negociação,  uma cota final zero é impossível de ser aceita pelo Japão”, advertiu ela  nesta segunda. “Se o Japão for atacado, pode sair da CBI e ninguém  poderá então fazer nada pelas baleias”, advertiu um diplomata europeu.
Polêmica e corrupção
O anúncio da CBI de fazer dois dias de trabalhos a portas fechadas  para tentar pacificar o terreno e abrir caminho para as negociações não  agradou as três maiores ONGs do mundo (WWF, Greenpeace e Pew). “Mas o  que é que escondem? Isso proporciona a teoria da conspiração”, disse  Rémi Permentier, porta-voz do Pew Environment Group (que conta com o  estatuto oficial de observador).
Como o presidente chileno da CBI, Cristián Marquieira, está ausente  por motivo de doença, a reunião será presidida pelo vice-presidente do  organismo, Anthony Liverpool, de Antígua e Barbuda (a ilha caribenha  vota tradicionalmente a favor do Japão).
Segundo reportagem do Sunday Times, a fatura de hotel de Liverpool,  em Agadir, está sendo paga por um empresário japonês. O jornal informou  ainda que representantes africanos e caribenhos admitiram ter votado a  favor da caça, após terem recebido promessas de ajuda, dinheiro e  prostitutas do Japão.
Apesar das denúncias publicadas pelo diário britânico, as grandes  organizações não governamentais estimam que a reunião de Agadir pode  terminar com um acordo. “Ou se chega a um acordo ou se mantém o statu  quo, que não satisfaz ninguém”, disse Susan Liebermann, diretora de  políticas da Pew.
Espécies em extinção
A caça mata aproximadamente 2 mil baleias por ano, incluindo espécies  à beira da extinção como a baleia azul (Balaenoptera musculus), a cinza  (Eschrichtius robustus), a franca do norte (Eubalaena glacialis) e a  bowhead, ou cabeça-redonda (Balaena mysticetus). Conforme dados do  Animal Welfare Institute, em Washington, nos EUA, desde que a moratória  foi introduzida há 25 anos, aproximadamente 33 mil baleias foram mortas.
Fonte: Terra
Nota da Redação: Lamentável que uma séria  decisão como esta esteja nas mãos de algumas pessoas que, para acabar  com a briga, sacrifiquem animais inocentes. São mentalidades que  funcionam baseadas nos números, no comércio e na materialidade,  ignorando a importância da vida e desconsiderando o sofrimento de outros  seres. Reduzir o número de baleias cruelmente assassinadas significa  aceitar que a vida de cada uma delas não tenha importância. Invisíveis  em meio a uma “massa” de 1.000, 500 ou 200, são apenas números  resultantes da conta feita nesta reunião. Ainda que fosse permitido a  qualquer destes países o assassinato de apenas um animal, a decisão  seria a demonstração da frieza da sociedade atual e da cegueira em  relação à vida.
 
 








 

 
