As negociações no sentido de consentir uma moratória à caça de baleias com exceções para os países que ainda caçam estão prestes a fracassar. Japão, Noruega e Islândia caçaram milhares de baleias desrespeitando a moratória mundial, que foi imposta em 1986. O documento que está em pauta em Agadir, no Marrocos, durante a 62ª Reunião da Comissão Internacional da Baleia (CIB) permitiria que esses três países continuassem caçando um número limitado de baleias durante mais dez anos.

Os países pró-caça criticaram a proposta, considerando-a um “artifício” que permitiria deixar na ilegalidade toda a caça que fugisse às quotas estipuladas. Do outro lado, os países que são contra a caça atacaram o rascunho de documento, afirmando que ele significa uma vitória dos baleeiros.
Os defensores das baleias e as nações que são contra a caça dizem que a resposta não está em enfraquecer a moratória, mas justamente em torná-la mais efetiva. Eles dizem que os dados sobre a caça trazidos pelos países que são a favor da captura são pouco confiáveis para justificar a revogação da moratória.

“Qualquer proposta que tenha por função remover ou revogar os efeitos da moratória comercial, em nossa opinião, não deveria nem ser votada, quanto mais aprovada”, disse o ministro do Meio Ambiente da Austrália, Peter Garrett.

A Austrália quer levar o Japão à Corte Internacional de Haia sob acusação de que os japoneses estão caçando baleias em águas australianas. O Japão vem caçando baleias há anos sob o pretexto de caça para fins científicos, estipulada no artigo VIII da Convenção Internacional para Regulação da Atividade Baleeira. Espera-se que a posição do Japão na reunião, que termina dia 25, dependa do que se vai conseguir negociar, sobretudo do tamanho das quotas para caça e das espécies que serão liberadas para captura.

Mais de 200 cientistas e experts em meio ambiente de todo mundo se posicionaram contra a caça comercial, em um comunicado distribuído aos delegados da Comissão Internacional da Baleia. Eles apelam para que “os êxitos das últimas décadas não sejam minados aprovando novamente essa prática”.

Chile, Brasil, México e Equador defendem uma postura “decididamente conservacionista” na reunião. “Para nós é muito importante que se mantenha a moratória e especialmente que não se cacem espécies protegidas nos santuários baleeiros”, apontou Rômulo Melo, um dos delegados brasileiros.

Com informações do Estadão.