Alheia aos carros que passavam a menos de dez metros de distância na Avenida Prefeito Dulcídio Cardoso, no RJ, uma capivara pastava solitária, às margens do Canal de Marapendi, na tarde desta terça-feira de feriado. Nem mesmo a aproximação do fotógrafo foi capaz de tirar o sossego do enorme roedor, que atraía olhares curiosos de motoristas e ciclistas.



Como num jogo de sete erros, porém, a cena revela um desajuste, que é resultado do acelerado processo de urbanização que a Barra e Jacarepaguá vem atravessando nas últimas décadas. Segundo o biólogo Mário Moscatelli, não só capivaras, como jacarés, gambás e outros animais típicos da região estão sendo expulsos de seu habitat natural pelo avanço da ocupação humana e hoje são vistos cada vez mais no asfalto:
 Esta capivara está com sorte, porque, quando esses animais encontram um local que lhes dê sustentabilidade para tocar a vida, eles são caçados. Eu já encontrei capivaras mortas a tiro e jacarés esquartejados. É impressionante o grau de ignorância e maldade das pessoas. Elas matam para comer.
O biólogo alerta que a caça e o crescimento urbano indiscriminado provocam um grande desequilíbrio.
Moscatelli critica também a falta de fiscalização das quatro lagoas da região (Lagoa de Marapendi, da Tijuca, de Jacarepaguá e do Camorim) e acusa a urgência de um plano de gerenciamento para as espécies nativas. Caso contrário, cenas como a da capivara ficarão apenas na lembrança:
Está na hora de o Batalhão Florestal e o Inea (Instituto Estadual do Ambiente) fazerem operações para pegar esses caçadores. Eu nunca vi fiscalização permanente nas lagoas.
Quanto à solitária capivara, o biólogo suspira e conclui:
Vamos torcer por ela.
fonte:o globo